quarta-feira, 24 de outubro de 2007

li-vre!


Ela entra no seu quarto e revira os armários procurando uma agenda e encontra uma outra caixinha e um fichário. Ela pensa qual deles deveria abrir primeiro. Em um estava a felicidade e no outro grande parte da tristeza de sua vida. Sem pensar ela abre o fichário e em meio a provas, anotações e espirros de professores, ela encontra duas anotações. Um "desenho-conversa" de planárias e marfagafinhos, e um poema escrito por ela. E ela fica simplesmente feliz por saber que ali, aquelas antigas horas, aquelas antigas conversas foram as melhores. Talvez os antigos amigos não se tornarão antigos e continuarão a desenhar marfagafinhos, planárias, elefantinhos dançantes, só que de um jeito diferente. Mas aquela conversa ficaria ali para sempre, rascunhada em uma apostila de física e ninguém poderia saber o quanto isso era importante à ela. Aí sim!!! Ela fica feliz.
Hora de abrir a "outra caixinha", ela resolve que o tristeza passada, enterrada e soterrada deveria ser queimada. Sim queimada! Porque não? Então depois de uma última lida, ela queima o monte de mentiras e não sente nada. Absolutamente nada. Aquilo não é mais importante, na verdade nunca foi, só que essa menina boba ainda não tinha percebido.
E quanto ao poema... ah o poema diz muito. Começo do fim de uma vida inteira. Morte de uma pessoa, nascimento de outra (futuramente outras, porque não?). Encontro da plenitude. Poema que a levara ao caminho do amor verdadeiro! Ela sai do quarto com o coração saltitante e um sorriso radiante e pensa que agora livre de algumas amarras ela é feliz! E muito por sinal.

im por ta - se?

Pensei como me importo com o que as pessoas pensam ou falam de mim. Queria mesmo era não ligar para nada, viver livre de estereótipos, mas é quase impossível e pior que isso é o fato de que eu mesma não me mostro como sou. Não gosto de pensar que posso fazer alguém sofrer com o que eu realmente penso, com o que eu realmente sinto. Por isso as frases estranhas e sem nexo que escrevo.

Talvez seja medo de me mostrar não tão sensível, "delicadinha", meiga, como muitos pensam. E eu sou assim... meio mais ou menos em tudo. Nem quando estou em contato com o meu lado "mais meu" não me mostro por inteiro. Não falo o que eu quero por inteiro. Sortudo (ou não...) quem me conhece do meu jeitinho verdadeiro.
Sabe, sei lá... será normal bater uma tristeza profunda do nada?
Enquanto tento descobrir a resposta para a minha pergunta ,eu vou vivendo bem aqui do meu jeito.

sábado, 20 de outubro de 2007

Não vês? A luz que incide sobre o cristal libertando
as sete cores para pintar as sete mil delicadezas...
Não ouves? Toca La valse d’Amèlie.
Pegue-me pelas mãos e dancemos.
A grande valsa suspira por nossos passos, não vês...
Vá! Torna-me banca de flores sem saber..

e pi fa ni a

Após o êxtase, o cansaço. E após o cansaço? O conforto que não vêm. Demoras e linhas tortas: apenas mais um não, restando o que importa além das coisas casuais. Horas de brindes e tesouras. Sabe-se lá, se foram pensamentos, sempre. O sentir das eternas formações deliróides a corromper toda a resistência, o pen(s)ar final. Preciso parar de me entorpecer...
Sou assombrada pelos meus fantasmas que surgem do ontem. Na linha tênue dos meus sonhos, me transformo em duas. Uma liberta-se de paradigmas e vive do desejo maligno de ser feliz, a outra se tranca em escritas e páginas, vivendo de papel e tinta. Não preciso de definições constantes, sou apenas mais uma vinda do sagrado construto que se desfaz em segundos com a chegada de novos fantasmas, e assim me desmonto. Para me organizar preciso de me desorganizar intensamente. Transformo no bêbado e na equilibrista, no que não deveria se mostrar e no translúcido porta-retratos, mas aceito essa condição contraditória. E, sendo mais de uma, necessito de testar-me. Brinco com meus “eus” e com meus erros, na busca do que algum dia será o verdadeiro. Enquanto houver possibilidade vou continuar a brindar com o acaso, sem esperar mais do que isso. Irremediavelmente, serei sempre quem vai errar por tentar e fazê-lo até que se esgotem todas as possibilidades. E na nova cara de menina sozinha ficará apenas uma definição constante: minha liberdade.